Bilhete de ida

Na vida, todos os caminhos têm saída. Poucos têm retorno.
Arrisco dizer: nenhum caminho tem retorno porque o tempo apaga o nosso o rasto.
Sabemos apenas que a origem é um lugar que nos parece sempre melhor do que aquele em que nos encontramos agora. Adjectivamo-lo de seguro e suspiramos: "quem me dera saber na altura o que sei hoje!"
Saber o que sabíamos hoje, tinha-nos deixado na casa de partida porque não há tabuleiro de jogo mais arriscado do que a vida e, tal como as cartas da sorte podem trazer jogadas de azar, também os grandes amores podem trazer os maiores desgostos.
Nesta rota colossal intitulada "destino", somam-se histórias materializadas em lugares que se dissipam em cada escolha, impedindo um bilhete de volta.

É por isso que a camisola se suja e fica suja.
É por isso que o comboio passa e é perdido.

É por isso que se ama e nunca se esquece quem se amou.

Sound: "the theatre of the mind"

Honda Civic "Choir" won a Gold Lion in the Cannes Lions Internacional Advertising Festival (June 2006).

Amanhã de ontem

A verdade não precisa de ser afirmada. Precisa apenas de ser consentida.
A verdade consente-se quando não é negada e, quando não se nega, nem mesmo a mentira pode corroer o que se quer não querer.

De que nos vale fugir de uma coisa quando nem a negamos? Se somos incapazes de negar, tão pouco ou menos somos capazes de fugir. 

Ainda que correndo para longe. 

A maturidade está na distinção

O maior erro do pensamento humano é submeter decisões a um quadro de prós e contras; uma listagem desleal em que o peso da ansiedade toma a forma de defeito ou expectativa. 

Na vida nada é a favor,  tão pouco contra. Tudo se trata de uma arrumação mental inconsciente entre o que queremos e o que precisamos e não há motivação que crie raízes nos dois lados. 

O que queremos ocupa grande parte de nós: uma dimensão pouco preenchida ainda que se estenda além dos limites. 

Acaba por nos preencher o que precisamos, ao anular espaços vazios deixados pelo querer, com a contrapartida de nunca sair fora dos traços do real. 

Difícil fica o rótulo: quero ou preciso? 

A diferença é tão grande que se torna imperceptível vista de dentro:

Precisar do que se quer acaba por nunca acontecer quando já se tem. Querer o que se precisa acaba por acontecer quando já se perdeu.

Até onde nos leva a música?

Não se mede em milhas ou quilómetros. Não tem ponto de partida nem de chegada. Assume um percurso entre o que mudou e o que nunca vai mudar e cria distância do hoje, mesmo que ouvida agora.
Leva-nos, ainda que dentro de nós, ao lugar onde a ouvimos pela primeira vez e ao tempo em que tentámos filtrar a nossa vida por aquele refrão.

Transporta-nos para outro tempo e para outra lugar. Para outro Verão e para outro amor. Por vezes, o primeiro.

Rascunho de alguém

Não lhe pediu promessas. Muito menos lhe pediu que cumprisse as que fez e que riscou.

Não lhe pediu respostas nem sequer conversas sobre o que tinham sido. Mesmo ela quis esquecer que já tinham sido e só lhe pediu que, por uma noite, pudessem tentar perceber o que seriam isolando-se da sensatez. 

Não sabe a forma que deu às palavras nem como as moldou à aliciação. Sabe apenas que abandonou a ideia de um grande amor.

Fingiu perdoar toda aquela ausência e entregou o remorso à confiança. Uma confiança frágil, sustentada pelo que ainda conhecia dele e pela coragem que desconhecia ter.

Assim que o viu, quebrou a rigidez que jurou ao pecado manter, mas conseguiu permanecer do lado certo da barreira ténue que separava o constrangimento de uma atracção evidente. Esqueceu-se apenas de que a sedução é miscível assim que se depara com a combustão dos corpos.

Conduzia sem direcção definida. 

Só queria um sítio tão longe quanto o lugar onde em tempos se deixaram ficar e, esse lugar, não era, naquele Domingo frio de Janeiro, a cidade de Lisboa. Não era a agitação do Bairro Alto ou o barulho do Cais Sodré. Na verdade, esse lugar já não existia ou já não tinha caminho. "Vou levar-te a casa", disse ela. Mas ele não deixou. "Vamos para um lugar que eu conheço."

A rigidez de ambos desvaneceu num silêncio que invocava loucura e tensão. Sabiam apenas que a sua história era uma divisão que não tinha dado resto zero e a prova estava ali, num escuro quebrado apenas pela luz que iluminava aquele lago.

A noite ficava-lhes bem.

Irregulares e rebeldes, trocaram amor na sua forma mais pura à revelia de um passado que não o permitia. Sabiam que aquele era um agora sem tempo e exilaram-se na consciência um do outro. 

Ele esgotou-se e adormeceu. Ela lembrou-se do que tinham sido. Lembrou-se de respostas que nunca teve, de promessas que ele fez e que riscou. Agarrou-se de novo à ideia de um grande amor. Agarrou-se ao seu grande amor. Pediu muito que a manhã nunca chegasse e, numa lágrima contida, percebeu que a única forma de a manhã não chegar era não deixando que a noite passasse.

"onde é que vais?", perguntou ele. "Vou levar-te a casa". 

Os corpos arrefeceram e a realidade tocou-o. "Tchau", e com um beijo na cara saiu do carro daquilo que era, novamente para ele, uma estranha.

Afinal de contas, ela não lhe tinha pedido promessas.

Healthy blindness

As John Lennon said someday "living is easy with eyes closed".
So think: if the world was blind, how many people would you impress?

Happy 23rd birthday D.

I should say "Happy Birthday!" Instead I say "you've got a way to keep me on your side" and you know it means the same: creativity is just an accent. 

                                                             (Johnny Cash's song lyric)

Play it loud

"One good thing about the music: when it hits you, you feel no pain."

(John Legend - Everybody Knows)

Encontros inevitáveis

O caminho certo na hora errada pode desviar-nos. Não literalmente, mas cá dentro. 
Basta, para isso, que nos cruzemos com o passado.

Abercrombie & Fit(ch)

Choose the size of this marketing strategy: 

(  ) XS 

(  ) S

(  ) M

(  ) L

(x) XL

(x) XXL

Sorry, XL and XXL numbers are not available. Abercrombie does not produce large numbers.

More than about whom to attract, targeting (especially in fashion industry) is also about whom to repel. 

Be all the things to all the people can't build an iconic brand so that's why exclusive brands have used price as a bar of access against less affluent consumers. Price has been an acceptable form of exclusion since always.

A mainstream exclusion form.

The strategy:

This clothing retailer didn't want to sell to overweight women or men and in 2006, Michael Jeffries, A&F's CEO, said 

"(...) because good-looking people attract other good looking people and we want to market to cool, good-looking people. We don't market to anyone other than that."

What didn't work?

Focusing on a niche target is smart. Crowing about it in public is not.

If your core business becomes a scandal, make sure you have an unfailing PR around.

Remember the rule Mike, just because it zips, doesn't mean it fits (in all businesses).

Should we get colder?

"Best way to not get you're heart broken, is pretend you don't have one."

(Charlie Sheen)

When No 5 becomes No 1

2004.

Chanel. 

$33 millions.

Directed by Baz Luhrmann, also film director of Moulin Rouge, this commercial tells the story of an impossible love between two strangers and at the same time becomes a history by itself as the most expensive commercial of all times.

Starring: Nicole Kidman, Rodrigo Santoro
Music theme: Claire de Lune

Blind date

- you'll really go out with some guy you don't know?
- what can be worse than the guys I do know?

(gossip girl)

Two.thousand.and.forever

I already love my grandchildren even without knowing them. Because I'm sure they'll be the perfect "outcome" of a love story that their parents learned by looking at us. 

Travel

"Travel is little beds and cramped bathrooms. It's old television sets and slow Internet connections. Travel is extraordinary conversations with ordinary people. It's waiters, gas station attendants, and housekeepers becoming the most interesting people in the world. It's churches that are compelling enough to enter. It's McDonald's being a luxury. It's the realization that you may have been born in the wrong country. Travel is a smile that leads to a conversation in broken English. Travel is the same white T-shirt again tomorrow. Travel is accented sex after good wine and too many cigarettes. Travel is flowing in the back of a bus with giggly strangers. Travel is wishing for one more bite of whatever that just was. It's sharing a bottle of liquor on an overnight train with a new friend."

Travel is "Maybe I don't have to do it that way when I get back home"

Som da opinião individual - on/off

Todos dizemos o que pensamos, sempre. 
Mais que não seja porque se torna fácil falar baixinho quando o barulho é muito.

Why do you go away?

"So that you can come back. Coming back to where you started is not the same as never leaving."

(Terry Pratchett)

"Sonhei muito com você, daqui"

Filme: Once upon a time in Rio (2008)

Porque nos incomoda o silêncio?

É quando o silêncio invade um momento, que percebemos: muita coisa está por dizer.

Para sempre até quando?

O "para sempre" agoniza.

Agoniza quando é e quando não é. Detém-nos quando existe porque sufoca, mas detém-nos muito mais quando não existe porque retira limites.

Faz-nos ficar. Faz-nos fugir. Faz-nos voltar.

O "para sempre" prende ou assusta. A falta de "para sempre" assusta ou prende (uns poucos).

Na verdade, o que agoniza é esgotar o tempo consumindo-o na agonia da indecisão de assumir ser para sempre ou não.

Great hair takes work. Sorry.

Tratamos um homem como tratamos do nosso cabelo:
Podemos tê-lo preso ou solto; podemos enrolá-lo; podemos simplesmente pô-lo de lado.

Puro paladar

Provar limão. Acreditar que já sentimos o sabor mais amargo da vida.

Experimentar o amor e aí perceber que o desgosto é, afinal, a essência* mais amarga que algum dia iremos provar.. 

 *o que há de mais puro e súbtil nos corpos

Prédio sem telhado

Perante infortúnios da vida e ambições que por vezes nos turvam a humildade, é preciso ter os pés bem assentes no chão e saber acima de tudo que, esse chão, por mais quebrado que esteja, é sempre o tecto de alguém.

Margens de erro

"O homem que vê mal, vê sempre menos do que aquilo que há para ver; o homem que ouve mal, ouve sempre mais do que aquilo que há para ouvir"

Friedrich Nietzsche

Sunscreen

"everybody is free to watch sunscreen"